Hoje gostaria de apresentar a vocês a mais nova colaboradora aqui do Blog. E achei que um modo interessante de fazer isso seria uma entrevista. Em breve, artigos de autoria dela estarão aqui. Com vocês, Silke Tischendorf-Lewin.
Qual sua formação acadêmica fora do mundo do vinho?
Silke - Sou administradora de empresas. Estudei na Alemanha (European Business Management) e na Austrália (International Business). Escrevi minha monografia sobre estratégias de marketing nos Estados Unidos, para os vinhos de uma renomada vinícola alemã.
Quando teve início sua relação com o vinho?
Silke - Bem cedinho! Como sou neta de viticultores da região Pfalz (Palatinado), já nasci no meio das uvas e dos vinhos. Nas refeições principais sempre tinha vinho na mesa, principalmente branco seco. Sempre podia tomar um golinho. Vi meus avós trabalhando nos vinhedos, provando vinhos com clientes. Na minha região temos centenas de festas de vinhos, na famosa Rota do Vinho (Deutsche Weinstrasse). Na verdade na região Pfalz quase tudo gira em volta do vinho, da culinária e de celebrar a vida!
Ainda como menina, com 8 anos, ajudei pela primeira vez na colheita, cortando as uvas. E quem diria que mais que 20 anos depois o vinho continua ser minha paixão? Depois na adolescência me interessei cada vez mais pelo tema, e também pela harmonização entre comida e vinho. Adoro cozinhar e experimentar novas receitas, novos vinhos.
Que cursos já fez sobre vinho?
Silke - Na Alemanha participei em alguns cursos oferecidos pelo Instituto do Vinho Alemão, por exemplo, "As principais uvas da Alemanha", cursos sobre as “nossas” regiões de viticultura, sobre os vinhos da África do Sul e da Itália, além de cursos como vinho e chocolate, vinho e queijos, vinhos de sobremesa etc. Na Austrália participei também de um curso de três meses em Sydney, para sommeliers. Também comecei em Munique com o primeiro curso da WSET. Fiz a prova do curso básico e do intermediário. No ano passado participei no curso da WSET Advanced em São Paulo e fiz a prova do International Higher Certificate in Wines and Spirits. Meu objetivo é obter em breve o renomado Diploma of Wines and Spirits, pré-requisito para o prestigoso Master of Wine. E claro, aqui no Brasil fiz os dois cursos da ABS em Brasília. Já participei de inúmeras palestras, degustações, viagens de enoturismo. Acho fantástico! Com cada palestra assistida, vinho degustado, livro lido e vinícola visitada vejo como é incrível e rico esse mundo do vinho. Adoro aprender e descobrir coisas novas,mas quanto mais eu estudo, mais me dou conta do quanto ainda tenho para aprender. Por isso vivo a filosofia de “life-long-learning”.
Qual sua experiência profissional com o vinho?
Silke - Antes de me mudar para o Rio de Janeiro, em Julho desse ano, eu era responsável na Embaixada da Alemanha em Brasília pela divulgação do vinho alemão no Brasil. Organizei degustações, conduzi palestras, publiquei artigos e criei um link entre produtores alemães e importadores no Brasil. Também acompanhei o processo de lançamento de uma nova marca de vinho alemão no mercado brasileiro.
Em 2002 e 2003, trabalhei na vinícola alemã Dr. Bürklin-Wolf, desenvolvi pesquisa de mercado, análise de comportamento de compra de clientes, desenvolvi campanha de marketing para o mercado americano, incluindo material para o “Point of Sale” em restaurantes, hotéis e lojas especializadas. Realizei importação, comercialização, e exposição de produtos aos vinicultores, e responsáveis por gastronomia e hotéis em Chicago, Florida e Milwaukee.
Fiz alguns estágios em vinícolas na Alemanha.
Além disso, escrevo artigos sobre vinho para sites na Alemanha e algumas revistas alemãs especializadas na área de vinho e culinária. Em julho fui convidada a dar aulas na escola "Ciclo das Vinhas", da Alexandra Corvo, em São Paulo.
Qual é seu vinho predileto?
Silke - Obviamente adoro o aromático e elegante Riesling alemão e o Shiraz australiano.
Quando se trabalha com vinho quase todos os dias por muitos anos, o vinho predileto muda. Isso é claro. Sempre descubro algo novo e na verdade, o vinho preferido depende da situação. Tem momentos que gosto mais de um vinho tinto e em outros momentos prefiro um espumante. No geral eu prefiro mesmo os vinhos complexos, os brancos refrescantes e os tintos aveludados, desde que autênticos de uma determinada região. Mas o mais importante é que o vinho apresente aquela “alma” que inspira a todos, nós os amantes dessa bebida divina.
Estes vinhos marcaram meu paladar e trazem felizes lembranças:
1. Cultus Buoni, Chianti Classico da Badia a Cultibuono/Itália
2. Cusumano, Nero D’Avola, Sicilia IGT/Itália
3. Mitchell, Peppertree Shiraz, Clare Valley/Austrália
4. Cirsion, Bodegas Roda, Rioja/Espanha
5. Vietti, Roero Arneis, Piemonte/Itália
6. Nautilus, Sauvignon Blanc, Marlborough/Nova Zelândia
7. Georg Mosbacher, Forster Pechstein, Riesling seco Pfalz/Alemanha
8. Domdechant Werner, Kirchenstück, Riesling Spätlese trocken, Rheingau/Alemanha
9. Laetitia, Chardonnay e Pinot Noir, California/E.U.
10. Anselmann, Riesling Eiswein, Pfalz/Alemanha
Qual vinho você escolheria se seu médico lhe obrigasse a desistir de todos os vinhos, menos um?
Silke - Eu escolheria um grande champagne. Por que? O champagne combina perfeitamente com diferentes tipos de comida, como nenhum outro vinho. Um grande champagne é refrescante, sexy, elegante e delicioso. Quando é bem feito, depois do primeiro gole é impossível parar de beber.
E qual é a melhor hora para beber um champagne? Como Alain de Vogüé, presidente da Veuve Clicquot-Ponsardin, até 1987, disse: "Antes, durante e depois."
Concordo plenamente. O Champagne pode ser apreciado a qualquer hora do dia ou da noite. Pode-se começar com o café da manhã (sem se preocupar com as pessoas olhando para você e pensando “olha aquela alcoólatra...”) e relaxar no final de um dia agitado com uma taça acompanhando um jantar bem gostoso. Esta versatilidade nenhum outro vinho pode oferecer.
Espero que meu médico nunca me obrigue fazer essa escolha.