domingo, 30 de janeiro de 2011

Visita à Quinta dos Roques

A Quinta dos Roques fica localizada em Abrunhosa do Mato, entre Mangualde e Nelas, na região vinícola portuguesa do Dão. Estive lá em novembro último e fui recebido por um dos proprietários, o simpático Luís Lourenço (foto acima). Os vinhos da Quinta dos Roques são comercializados sob duas marcas: Quinta dos Roques e Quinta do Correio. Luís também está à frente da Quinta das Maias. Em minha visita, tive oportunidade de provar, entre outros, os seguintes vinhos:

Quinta do Correio Branco 2009: um branco leve e de média acidez, elaborado a partir das castas Malvasia Fina (40%), Bical (25%), Cercial (20%) e Encruzado (15%).

Quinta das Maias Branco 2009 Malvasia Fina: um branco de acidez média/alta e ligeiramente mais encorpado, em parte por ter 10% de seu total fermentado em barricas de carvalho francês.

Quinta dos Maias Tinto 2008 Jaen: com 9 meses de estágio em carvalho francês de segundo e terceiro ano, este belo varietal revela acidez e elegância.

Quinta do Correio Tinto 2008: leveza e taninos redondos caracterizam este vinho, que leva Jaen (60%), Touriga Nacional (25%), Alfrocheiro (10%) e Tinta Roriz (5%) em sua composição.

Quinta dos Roques Tinto 2008 Touriga Nacional: bem encorpado e com aromas vivos, este vinho, extremamente gastronômico, estagiou 17 meses em carvalho francês.

Quinta dos Roques Tinto 2007 Reserva: com Touriga Nacional (55%), Alfrocheiro (20%), Jaen (15%), Tinta Roriz (5%) e Tinto Cão (5%), este vinho complexo prenuncia uma ótima longevidade.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Visita à Casa de Darei

Uma das vinícolas que visitei na região do Dão foi a Casa de Darei. Fui recebido pelo seu proprietário, José Machado Ruivo (foto). Em 1996, José adquiriu a propriedade de 140 hectares, em Mangualde. Na ocasião, o "Solar de Darei", um casarão do século 18 que consistia na sede da propriedade, estava praticamente em ruínas. José, oriundo do ramo imobiliário, realizou uma completa restauração, deixando o solar em perfeito estado. Investindo nas outras edificações presentes na propriedade, José passou a realizar atividades enoturísticas no local.
A produção vinícola teve início com uvas provenientes de produtores vizinhos. Hoje em dia, seus principais vinhos são produzidos com uvas próprias. 70% de sua produção é exportada, sendo que a Bélgica responde por nada menos que 90% desse total.

Provei vários vinhos em minha visita. Eu destacaria o Lagar de Darei Grande Escolha Branco 2009. Leve untuosidade, bom corpo e estrutura, com um fim de boca extremamente seco, apresentando boa persistência.

Visita à Quinta dos Carvalhais

Em continuidade aos meus relatos sobre as visitas que realizei na região vinícola portuguesa do Dão, trago a Quinta dos Carvalhais.

A Quinta dos Carvalhais faz parte, desde 1990, do grupo Sogrape, o gigante conglomerado vinícola português.

Lá fui recebido pelo Diretor de Enologia, Manuel Vieira, pela Relações Públicas, Joana Pais e pelo Diretor de Exportações, Jorge Guimarães, que me mostraram, em detalhes, as suntuosas instalações da vinícola. Equipamentos com tecnologia de ponta, como a EGAPI Wine Cellar (foto abaixo), convivem com métodos tradicionais de vinificação.

Além dos vinhos já engarrafados, provei alguns ainda em fase de produção, nas barricas ou nos tanques de fermentação. Entre os já "prontos", destaque para o Quinta dos Carvalhais Único 2005, um tinto produzido predominantemente com Touriga Nacional, com estágio de 12 meses em carvalho francês, sendo que são empregadas barricas provenientes de 9 diferentes tanoarias. Um vinho pontente e longevo, que deve evoluir bem nos próximos anos.
No Brasil, os vinhos da Quinta dos Carvalhais são importados pela Zahil.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

VINO & SAPORE - Promoção e degustação


O amigo João Filipe, da Vino & Sapore, está fazendo uma promoção e realizará uma degustação de vinhos que levam a uva Syrah em sua composição, entre eles o vinho australiano Shild Shiraz 2005. Veja as informações abaixo!

Alguns vinhos da promoção:
  • Prios Roble Espanha – Ribera Del Duero – de R$69,00 por R$59,00
  • Villard l’Assemblage Grand Vin – Chile – de R$77,00 por R$67,00.
  • Domaine Pasqua Vin Doux Chardonnay – França/Córsega – de R$99,00 por R$85,00.
  • Herdade Paço do Conde Reserva – Portugal/Alentejo – de R$125,00 por R$95,00
  • Terra Mariana Pinot Noir – França/Córsega – de R$68,00 por R$58
  • Ocaso Syrah/Bonarda – Argentina – De R$29,50 por R$25,00
  • Quinta do Valle Longo Colheita – Portugal/Douro – de R$55,00 por R$ 48,00
  • Familia Bianchi Cabernet – Argentina – de R$59,00 por R$52,00
  • Santa Julia Reserva Tempranillo – Argentina – de R$43,00 por R$36,00
  • Polkadraai Pinotage/Merlot – África do Sul – de R$39,00 por R$34,00
  • Palo Alto Tinto – Chile – de R$35,00 por R$28,00
  • Jaffelin Macon Rouge – França/Borgonha – de R$58,00 por R$49,00
  • J. Moreau Petit Chablis 2008 – França/Borgonha – de R$80 por 65,00
  • Kangarilla Road Shirazl – Austrália – de R$95,00 por R$80,00
  • Kangarilla Road Zinfandel – Austrália – de R$95,00 por R$75,00
  • Kangarilla Road Shiraz/Viognier – Austrália – de R$125,00 por R$95,00
  • Leconfield Cabernet Sauvignon – Austrália – de R$125,00 por R$95,00
  • Anakena Carmenére e Sauvignon Blanc de 375ml - Chile - de R$17,00 por R$13,00.
  • Vila Régia Douro 2006 - de R$38,00 por R$29,00
Lembrando que quem pagar em dinheiro ou cheque ainda tem choro! Vendas por telefone com entrega na região, incluindo aí o Morumbi/Butantã/Jaguaré/Embu/Taboão e Alphaville (consulte para outras regiões - tel. (11) 4612.6343 ou 1433.

Com relação à degustação:

Às cegas, serão degustados seis Syrahs de grande qualidade, entre eles o Australiano Shild Shiraz 2005 que com a safra 2008 alcançou sétimo posto entre os TOP 100 da Wine Spectator em 2010, tornando-se o vinho mais barato a chegar nessa posição tendo obtido 94 pontos. Neste Desafio de Vinhos, mais quatro rótulos do Chile, África do Sul, Austrália, França e Estados Unidos todos com preço entre R$85 e 115,00. Os vinhos que participarão deste evento, nos moldes dos tradicionais Desafios de Vinhos do blog, são:
  • Representando o Chile, um “vin de garage” que tradicionalmente custa em torno de R$135,00 mas que está neste mês por R$115,00 o que fez se encaixar na faixa de preços definida, mesmo qiue momentaneamente, o I Latina Syrah 2008. Apenas 9978 garrafas elaboradas por uma das mais conceituadas enólogas do Chile num projeto de autor, feito á mão e que na sua primeira safra (07) obteve 92 pontos do Guia Descorchados. Terá que passar por uns 45 minutos de decanter, mas certamente mexerá com as sensações dos desgustadores.
  • Representando a Austrália, o Schild Estates Shiraz 2005, o da safra 2008 obteve a sétima colocação entre os TOP 100 de 2010 da Wine Spectator. Em Maio de 2009 num grande embate ás cegas com mais 7 belos e conceituados oponentes, faturou o primeiro lugar. Um desafiante à altura e candidato ao pódio. Rótulo de R$105,00.
  • Da França, especificamente do Rhône berço desta cepa, vem o Vidal Fleury Crozes-Hermitage 07, um vinho que me surpreendeu. A Wine Spectator lhe deu 87 pontos, eu acho que vale uns dois pontos a mais, mas de qualquer forma cada às cegas veremos como se comporta. Preço deste rótulo; R$112,00.
  • A África do Sul, como o Chile, tem mostrado ter um terroir que produz belos Syrahs, sendo que a grande maioria dos grandes vinhos aqui produzidos são oriundos desta cepa ou a têm como protagonista no blend. O Raka Biography 2005, ganhou status de “cult” na África do Sul onde é reconhecido como um verdadeiro clássico, entre os melhores 25 vinhos sul africanos da atualidade de acordo com John Platter um dos mais importantes críticos da região e autor do guia South African Wines. Mais um rótulo de qualidade a ser conferido e possue um preço de R$97,00.
  • Dos Estados Unidos, região de Central Coast, vem mais um desafiante, o Mandolin Syrah 2005, 90 pontos da Wine Enthusiast e entre os TOP 100 “Best Buys” de 2008. Um digno representante yankee nesta contenda que promete ser muito interessante. Preço de R$85,00.
  • Também da Austrália o Two Up Syrah 2006. A international Wine Cellar Magazine lhe deu 89 pontos e a Beverage Dynamics 93 pontos. Stephen Tanzer 88 pontos e Robert Parker 90, ou seja pontuação não falta, só o que precisamos saber é se ele demonstrará na taça todos esses predicados que lhe renderam essa reputação. Produzido pela Kangarilla Road, eis mais um desafiante de peso do país que adotou esta casta como sua cepa ìcone. Preço R$85,00.
Bem, esses são os rótulos a serem degustados, porém a ordem de serviço será aleatória e será servido um espumante de boas vindas aos ilustres degustadores presentes, preparando o palato para o que está por vir. Para participar deste primeiro encontro em 2011, o investimento será de R$50,00 e qualquer um dos vinhos da prova poderá ser comprado no dia com 10% de desconto e se pagamento em dinheiro ou cheque, mais 3%! Eis aqui uma boa dica para você começar bem o ano. Vagas limitadas então garanta sua vaga fazendo sua reserva, ou pedindo mais informações, através do e-mail comercial@vinoesapore.com.br ou pelo telefone (11) 4612-6343.

FULVIA PINOT NOIR 2009

No fim do ano passado, fui à Europa, onde visitei Portugal e Itália. Na ocasião, levei na bagagem duas garrafas do Fulvia Pinot Noir 2009, do Marco Daniele. A primeira delas provei na companhia do João Tavares de Pina. O vinho, leve e com ótima acidez, agradou não só a mim como ao João, sobretudo por estar livre daquele açúcar residual excessivo, típico em Pinot´s do novo mundo.

A segunda garrafa eu dei ao Georges Bertet, sommelier francês que também participou da viagem de imprensa que a FIJEV realizou na Toscana. Georges provou o vinho em Paris, na companhia de outros sommeliers. Ele me mandou as impressões sobre o vinho, dizendo, entre outras coisa, que acharam o vinho supreendentemente bom. Levei isso ao conhecimento do Marco Daniele, que entrou em contato com Georges. O resultado você confere no site do Marco.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Visita à Quinta da Boavista ( Terras de Tavares e Torre de Tavares )


Tenacidade, persistência e obstinação em produzir vinhos diferenciados na região vinícola portuguesa do Dão: assim pode-se definir o trabalho de João Tavares de Pina (foto acima), enólogo e proprietário da Quinta da Boavista, que produz os vinhos "Terras de Tavares" e "Torre de Tavares".

Em novembro último, visitei a Quinta da Boavista, em Penalva do Castelo, no distrito de Viseu, e pude conferir de perto a paixão que João emprega naquilo que faz e de que modo seus vinhos refletem integralmente o caráter do terroir do Dão (o nome vem do principal rio da região). Livre de ufanismos, ele acredita e aposta firmemente nas castas locais, como a Jaen, que, aliadas à ausência de intervenções e "maquiagens", terminam por produzir belos vinhos, com evidente vocação gastronômica.

Já tive oportunidade falar sobre um vinho do João aqui no blog. E hoje posso dizer com segurança que o Torre de Tavares Jaen 2005, mesmo sendo um vinho interessante, não refletiu de modo claro as características típicas e predominantes dos vinhos da Quinta da Boavista, notadamente pelas condições da safra de 2005, que resultaram num vinho mais "corpulento" do que o normal.

Aliás, o que realmente me encanta nos vinhos do Dão, como o Torre de Tavares Jaen 2007, por exemplo, são elementos não muito compatíveis com a "corpulência": elegância, mineralidade e acidez, entrelaçadas num conjunto harmonioso.

E a longevidade dos vinhos que João produz pode ser conferida ao se provar, nos dias de hoje, o Terras de Tavares Reserva 1997. Bem evoluído, ainda mostra uma vivacidade que lhe permitirá "sobreviver" por mais alguns anos. Infelizmente, os vinhos do João não estão disponíveis no Brasil, pois ainda não tem importadora por aqui.
O trabalho de pessoas como o João mostra-se de grande relevo para a região vinícola do Dão, que tem passado, nas últimas décadas, por um verdadeiro "ressurgimento". Busca-se o resgate da imagem dos vinhos da região, que sofreu, desde meados do século passado, com a política de cooperativas e com adoção da quantidade em detrimento da qualidade. O Dão já era uma região produtora de vinhos respeitados muito antes de outras regiões, como o Alentejo, sequer começarem a produzir vinhos. A demarcação da região data de 1908.