Como eu já disse em oportunidades anteriores e se constata no meu perfil, publico uma coluna homônima deste blog (a coluna é que cedeu seu nome ao blog), mensalmente, no CirculandoAqui.com.br, de Cambará(PR) e no Comércio do Jahu, de Jaú(SP). E a 50ª coluna ficou realmente especial, pois traz uma entrevista exclusiva com os autores do livro Vinho & Guerra - Os Franceses, os nazistas e a batalha pelo maior tesouro da França. Confira a íntegra da coluna:
Hoje tenho a satisfação de publicar a 50ª coluna. E meu regozijo é ainda maior, pois tive o prazer de entrevistar os autores do espetacular livro “Vinho & Guerra – Os franceses, os nazistas e a batalha pelo maior tesouro da França”. Eles são Don e Petie Kladstrup, um casal de escritores norte-americanos radicados na França há 30 anos, onde chegaram como jornalistas. Don era correspondente da TV CBS e, posteriormente, da rede ABC. Petie era jornalista “free-lancer”, além de ter trabalhado como assistente de protocolo para o embaixador dos EUA junto à UNESCO. Atualmente, eles vivem na Normandia, numa fazenda de maçãs, com visitas constantes a Paris, para ir a cinemas e museus e visitar amigos. Pais de duas filhas, uma especialista em livros raros numa universidade nos EUA e outra trabalhadora humanitária, atualmente em Bangladesh.
Como vocês entraram em contato com o mundo do vinho?
R. Vivendo na França, é impossível ignorá-lo. Tínhamos provado alguns vinhos enquanto morávamos nos EUA, mas nada tão maravilhoso como os vinhos que descobrimos quando mudamos pra cá. Passávamos as férias em diversas regiões vinícolas. Mas não foi só o vinho que nos fascinou. Também foram as pessoas que fazem vinho, que nos ensinaram que ele é muito mais do que uma bebida. Ele também é arte, história e cultura. Aprender sobre o vinho, como ele é feito e como está intimamente ligado aos seus produtores nos ajudou a entender o que é a França.
R. Vivendo na França, é impossível ignorá-lo. Tínhamos provado alguns vinhos enquanto morávamos nos EUA, mas nada tão maravilhoso como os vinhos que descobrimos quando mudamos pra cá. Passávamos as férias em diversas regiões vinícolas. Mas não foi só o vinho que nos fascinou. Também foram as pessoas que fazem vinho, que nos ensinaram que ele é muito mais do que uma bebida. Ele também é arte, história e cultura. Aprender sobre o vinho, como ele é feito e como está intimamente ligado aos seus produtores nos ajudou a entender o que é a França.
Como tiveram a idéia de escrever “Vinho & Guerra”?
R. Foi um dos melhores vinicultores da frança que nos inspirou, um amigo de Vouvray, no vale do Loire, chamado Gaston Huet. Nós fomos à sua casa algumas vezes para bater papo e provar seus vinhos. Um dia, estávamos conversando em seu escritório e ele sumiu subitamente. Alguns minutos depois, ele voltou com uma garrafa empoeirada e três taças. Quando desarolhou a garrafa, um bouquet de mel e damascos tomou o ambiente. Nós nos olhamos e percebemos que estávamos bebendo algo especial. “O que é, quando você o fez?”, perguntamos. Huet apenas sorriu e nos incitou a provar o vinho. O vinho estava glorioso. Era dourado e tinha um retrogosto que parecia ficar para sempre. “De que ano vocês acham que é?”, perguntou-nos Huet. Nós sabíamos que não tinha sido feito ontem, então demos um palpite: 1976. Huet sorriu e disse para tentarmos novamente. 1970? Huet balançou a cabeça negativamente. 1964? Errado de novo. Nós decidimos arriscar: 1953? Huet estava claramente gostando do “jogo” nós estavamos ficando um pouco embarassados. O vinho estava tão doce, tão fresco, tão vivo. “Quão velho poderia ser?”, pensávamos. Finalmente, Huet disse: “É 1947. É o melhor vinho que já fiz.”. Isso é maravilhoso, dissemos. Então perguntamos se ele já havia provado um vinho melhor. Ele disse que sim. “Foi quando eu era prisioneiro de guerra na Alemanha.”. Huet explicou que os alemães deixaram ele e outros prisioneiros, vinicultores em sua maioria, fazer um jantar com vinhos vindos de casa. “Não era nada especial e era só um pouco, mas foi o único vinho que provei durante cinco longos anos de cativeiro e é inesquecível por essa razão.”. Depois de ouvir Huet, nós começamos a pensar em quantas histórias como aquela estavam ali, histórias dos anos de guerra que nunca foram contadas. Decidimos encontrá-las e contá-las.
R. Foi um dos melhores vinicultores da frança que nos inspirou, um amigo de Vouvray, no vale do Loire, chamado Gaston Huet. Nós fomos à sua casa algumas vezes para bater papo e provar seus vinhos. Um dia, estávamos conversando em seu escritório e ele sumiu subitamente. Alguns minutos depois, ele voltou com uma garrafa empoeirada e três taças. Quando desarolhou a garrafa, um bouquet de mel e damascos tomou o ambiente. Nós nos olhamos e percebemos que estávamos bebendo algo especial. “O que é, quando você o fez?”, perguntamos. Huet apenas sorriu e nos incitou a provar o vinho. O vinho estava glorioso. Era dourado e tinha um retrogosto que parecia ficar para sempre. “De que ano vocês acham que é?”, perguntou-nos Huet. Nós sabíamos que não tinha sido feito ontem, então demos um palpite: 1976. Huet sorriu e disse para tentarmos novamente. 1970? Huet balançou a cabeça negativamente. 1964? Errado de novo. Nós decidimos arriscar: 1953? Huet estava claramente gostando do “jogo” nós estavamos ficando um pouco embarassados. O vinho estava tão doce, tão fresco, tão vivo. “Quão velho poderia ser?”, pensávamos. Finalmente, Huet disse: “É 1947. É o melhor vinho que já fiz.”. Isso é maravilhoso, dissemos. Então perguntamos se ele já havia provado um vinho melhor. Ele disse que sim. “Foi quando eu era prisioneiro de guerra na Alemanha.”. Huet explicou que os alemães deixaram ele e outros prisioneiros, vinicultores em sua maioria, fazer um jantar com vinhos vindos de casa. “Não era nada especial e era só um pouco, mas foi o único vinho que provei durante cinco longos anos de cativeiro e é inesquecível por essa razão.”. Depois de ouvir Huet, nós começamos a pensar em quantas histórias como aquela estavam ali, histórias dos anos de guerra que nunca foram contadas. Decidimos encontrá-las e contá-las.
Qual foi a maior dificuldade que vocês tiveram para obter as informações para escrever o livro?
R. Nossa maior dificuldade foi persuadir as pessoas a falar conosco. Muitas nunca tinham falado sobre suas experiências de guerra. Eles deixaram a guerra para trás e disseram que suas memórias haviam se enfraquecido. Outros não estavam certos se podiam confiarm em nós. A colaboração ainda é um assunto sensível na França e algumas pessoas ficavam preocupadas com a forma como poderíamos interpretar o que pudessem dizer. O fato de sermos estrangeiros talvez nos tenha ajudado, pois não tivemos o medo de pergumntar sobre aquilo que alguma pessoas podiam chamar de “questões sensíveis.”
Na sua opinião, quais são as partes mais emocionantes do livro?
R. Duas partes nos tocaram como particularmente emocionantes. Primeiro, a pessoa de Champagne que foi torturda e disse: “ Eu vim pra em casa sem minha juventude”. A descrição que ele fez de como ele cantou, cantou contra a dor, cantou contra a fome, cantou contra o frio nos comoveu imensamente. A outra parte que nos tocou está no fim do livro e consiste no senso de perdão que foi exprimido depois da guerra por Robert Jean de Vogue e pelo Baron Philippe de Rothschild.
Em quantos países o livro já foi vendido?
R. O livro tem sido vendido em 14 países. Nos EUA, foram quase 150.000 cópias e há negociações para transformá-lo num filme.
Vocês já estiveram no Brasil?
R. Nós fomos convidados pelo nosso editor no Brasil, Jorge Zahar, a ajudar a lançar e promover nosso segundo livro, “Champagne.”. Ficamos por 2 semanas e adoramos. Foi uma experiência maravilhosa. Nós ficamos impressionados não só com o país, mas também com as pessoas.
R. Nossa maior dificuldade foi persuadir as pessoas a falar conosco. Muitas nunca tinham falado sobre suas experiências de guerra. Eles deixaram a guerra para trás e disseram que suas memórias haviam se enfraquecido. Outros não estavam certos se podiam confiarm em nós. A colaboração ainda é um assunto sensível na França e algumas pessoas ficavam preocupadas com a forma como poderíamos interpretar o que pudessem dizer. O fato de sermos estrangeiros talvez nos tenha ajudado, pois não tivemos o medo de pergumntar sobre aquilo que alguma pessoas podiam chamar de “questões sensíveis.”
Na sua opinião, quais são as partes mais emocionantes do livro?
R. Duas partes nos tocaram como particularmente emocionantes. Primeiro, a pessoa de Champagne que foi torturda e disse: “ Eu vim pra em casa sem minha juventude”. A descrição que ele fez de como ele cantou, cantou contra a dor, cantou contra a fome, cantou contra o frio nos comoveu imensamente. A outra parte que nos tocou está no fim do livro e consiste no senso de perdão que foi exprimido depois da guerra por Robert Jean de Vogue e pelo Baron Philippe de Rothschild.
Em quantos países o livro já foi vendido?
R. O livro tem sido vendido em 14 países. Nos EUA, foram quase 150.000 cópias e há negociações para transformá-lo num filme.
Vocês já estiveram no Brasil?
R. Nós fomos convidados pelo nosso editor no Brasil, Jorge Zahar, a ajudar a lançar e promover nosso segundo livro, “Champagne.”. Ficamos por 2 semanas e adoramos. Foi uma experiência maravilhosa. Nós ficamos impressionados não só com o país, mas também com as pessoas.
Se vocês tiverem algum comentário a fazer, fiquem à vontade.
R. Outro ponto que gostaríamos de falar sobre “Vinho & Guerra” é que nós quisemos escrever algo diferente, algo novo. Nós ficamos cansados com a literatura que se vê por aí. Muitos escritores dizem sempre as mesmas velhas coisas e repetem-se entre si, vez após vez. Quantos livros e artigos precisam ser escritos a respeito do Chateau “tal” ou sobre como provar vinho, etc.? Com “Vinho & Guerra”, nós tocamos num assunto que não ainda havia sido explorado, explorando o vinho sob o prisma da guerra.
R. Outro ponto que gostaríamos de falar sobre “Vinho & Guerra” é que nós quisemos escrever algo diferente, algo novo. Nós ficamos cansados com a literatura que se vê por aí. Muitos escritores dizem sempre as mesmas velhas coisas e repetem-se entre si, vez após vez. Quantos livros e artigos precisam ser escritos a respeito do Chateau “tal” ou sobre como provar vinho, etc.? Com “Vinho & Guerra”, nós tocamos num assunto que não ainda havia sido explorado, explorando o vinho sob o prisma da guerra.
Guilherme, li este livro há um bom tempo atrás e achei fantásico pois conta a história do vinho de forma a entender o que ele realmente significa como cultura e tradição de um país. è um livro pra ter consigo para relê-lo muitas vezes.
ResponderExcluirAbs