domingo, 9 de janeiro de 2011

Visita à Quinta da Boavista ( Terras de Tavares e Torre de Tavares )


Tenacidade, persistência e obstinação em produzir vinhos diferenciados na região vinícola portuguesa do Dão: assim pode-se definir o trabalho de João Tavares de Pina (foto acima), enólogo e proprietário da Quinta da Boavista, que produz os vinhos "Terras de Tavares" e "Torre de Tavares".

Em novembro último, visitei a Quinta da Boavista, em Penalva do Castelo, no distrito de Viseu, e pude conferir de perto a paixão que João emprega naquilo que faz e de que modo seus vinhos refletem integralmente o caráter do terroir do Dão (o nome vem do principal rio da região). Livre de ufanismos, ele acredita e aposta firmemente nas castas locais, como a Jaen, que, aliadas à ausência de intervenções e "maquiagens", terminam por produzir belos vinhos, com evidente vocação gastronômica.

Já tive oportunidade falar sobre um vinho do João aqui no blog. E hoje posso dizer com segurança que o Torre de Tavares Jaen 2005, mesmo sendo um vinho interessante, não refletiu de modo claro as características típicas e predominantes dos vinhos da Quinta da Boavista, notadamente pelas condições da safra de 2005, que resultaram num vinho mais "corpulento" do que o normal.

Aliás, o que realmente me encanta nos vinhos do Dão, como o Torre de Tavares Jaen 2007, por exemplo, são elementos não muito compatíveis com a "corpulência": elegância, mineralidade e acidez, entrelaçadas num conjunto harmonioso.

E a longevidade dos vinhos que João produz pode ser conferida ao se provar, nos dias de hoje, o Terras de Tavares Reserva 1997. Bem evoluído, ainda mostra uma vivacidade que lhe permitirá "sobreviver" por mais alguns anos. Infelizmente, os vinhos do João não estão disponíveis no Brasil, pois ainda não tem importadora por aqui.
O trabalho de pessoas como o João mostra-se de grande relevo para a região vinícola do Dão, que tem passado, nas últimas décadas, por um verdadeiro "ressurgimento". Busca-se o resgate da imagem dos vinhos da região, que sofreu, desde meados do século passado, com a política de cooperativas e com adoção da quantidade em detrimento da qualidade. O Dão já era uma região produtora de vinhos respeitados muito antes de outras regiões, como o Alentejo, sequer começarem a produzir vinhos. A demarcação da região data de 1908.

2 comentários:

  1. Oi Guilherme.
    Bela matéria essa sua. Gostei bastante.
    Tenha um grande ano de 2011 e vamos escrever bastante.
    Abs
    Paulo

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  2. Obrigado Guilherme. Vou ser mais perseverante ainda na procura da elegância e do frescor, como se diz aí desse lado.
    Um grande abraço.

    João Tavares de Pina

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