quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Torre de Tavares - Entrevista com João Malheiro Tavares de Pina

Fiz uma breve entrevista com João Tavares de Pina (eu já falei de outros vinhos dele aqui no blog), produtor português de vinho, sobre seus mais recentes lançamentos. Confira:

Como você definiria seus dois lançamentos do Torre de Tavares, o Encruzado 2008 e o Regional Beiras 2009? Quais as principais particularidades?

Ambos são produzidos com uvas de vinhas velhas. O Torre de Tavares Encruzado 2008 é um branco do Dão, bastante estruturado, uma das grandes características desta casta. O vinho foi parcialmente fermentado em barricas (30%). Foi engarrafado em Julho de 2009. Descansou um ano na garrafa, e, vamos agora iniciar a sua comercialização. São excelentes vinhos para a mesa, têm um enorme carácter gastronómico, uma acidez fantástica, e, possui uma grande austeridade, notas muito minerais e de fruta branca, sobretudo o marmelo, que é excepcionalmente fresco e elegante. A madeira, já bem harmonizada, favorece-lhe o volume e dá-lhe a complexidade das notas mais secas.
A Síria, um Regional Beiras Torre de Tavares 2009, produzido na região da Vermiosa, junto a Almeida, e ao lado da fronteira espanhola, numa região a uma cota de 600 m, muito fresca e seca, que produz vindimas quase em finais de Outubro, é um vinho com um frescor monumental, de volume médio. Apresenta também uma interessante mineralidade, notas cítricas e de tangerina, os principais descritores da casta.


Quantas garrafas foram produzidas de cada um deles?

Sou um produtor de dimensão muito reduzida, como a generalidade dos produtores independentes da região do Dão. Nem estes vinhos poderiam também ser produzidos em quantidades muito grandes. A maioria das vinhas velhas desta região possui uma viticultura bastante rudimentar e com muitos problemas. A vindima, felizmente e invariavelmente, ainda é feita à mão, e a uva é completamente escolhida à entrada da adega. Temos rendimentos muito baixos neste trabalho de selecção, que normalmente só eu e o Hugo, o meu braço direito, fazemos. Chegamos a ter rendimentos de escolha da ordem dos 80kg por hora. Para o Encruzado, que produzimos 2980 garrafas estivemos a escolher uva, bago a bago, 24horas. Da Síria, a produção também são 2950 garrafas.


Qual o valor estimado para o consumidor final, em Portugal?

O Torre de Tavares Encruzado DOP DÃO é comercializado à volta dos 12 Euros e o Regional Beiras Torre de Tavares Branco produzido com a casta Síria por 8 euros.

Planeja exportar esses vinhos?

A maior parte dos vinhos que produzo são exportados. O meu mercado principal é a Bélgica e depois a Alemanha e Holanda.

Gostaria também de vir a ter os meus vinhos no Brasil. Gostaria de encontrar um apreciador de vinhos de Terroir, de vinhos naturais, de vinhos com muito carácter.

Os Terras de Tavares e Torre de Tavares são vinhos para consumidores evoluídos, para consumidores inteligentes, que procurem vinhos completamente distintos e diferenciados dos vinhos globais produzidos com as vulgares castas internacionais. Os Terras de Tavares e Torre de Tavares são produzidos a partir de castas autóctones, regionais, que não existem em mais nenhuma parte do mundo. São únicos, produções muito limitadas. Os tintos, são vinhos com grande estrutura, com fantástico tanino e acidez, que lhes conferem uma especial aptidão gastronômica.

2 comentários:

  1. Ghilherme,

    Peço licença em seu blog para cobrar o João a minha prometida garrafa que ficou de enviar para o Brasil!!!

    Abs
    Silvestre Tavares

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  2. Olá Silvestre.

    Tem toda a razão, mas não está esquecido...
    O Jaen 2007, 3050 garrafas, acabaram de ser rótuladas. Em breve receberá a sua.
    Para se inteirar do que irá receber, e, para lhe aguçar a curiosidade, leia esta pequena ficção que redigi para apresentar esse vinho.

    http://www.facebook.com/note.php?note_id=113774985345617&id=100000460686844&ref=mf


    Um abraço

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