quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

UN NETTARE DA UN ETTARO

Um excelente 2014 a todos!

Como eu já disse em oportunidades anteriores e se constata no meu perfil, publico uma coluna homônima deste blog (a coluna é que cedeu seu nome ao blog), mensalmente, no CirculandoAqui.com.br, de Cambará(PR) e no Comércio do Jahu, de Jaú(SP). Hoje, eu reproduzo aqui a coluna que publiquei recentemente. Confira!
UN NETTARE DA UN ETTARO

Não é todo dia que se tem oportunidade de provar um vinho feito de uma uva praticamente esquecida. A raridade do momento torna-se ainda maior se esse vinho for oriundo de um antigo vinhedo de apenas um hectare e envasado numa garrafa adornada por uma folha de um metal precioso, como o ouro.

Tive o privilégio de provar um vinho com tais características por generosidade do amigo Pedro Eugênio, um grande conhecedor de vinho, que costuma garimpar vinhos distintos em suas viagens, sobretudo pela Europa. Ele visitou a ilha de Mazzorbo, nas imediações de Veneza, na Itália, onde está localizada uma pousada chamada Venissa, que conta com o vinhedo que dá origem a um vinho com esse mesmo nome. De lá, ele trouxe o vinho que provei.

O Venissa 2010, que pude provar, foi primeiro vinho produzido desde o replantio do vinhedo de um hectare (daí o título desta coluna – Um néctar de um hectare – que é o modo como o produtor se refere ao vinho), realizado pela família Bisol, conhecida produtora de Prosecco em Valdobbiadene. Esse belíssimo vinho branco nasce da uva Dorona, que também é conhecida como Dorona di Venezia, Dorona Veneziana ou, ainda, Uva d'Oro. Todos esses nomes derivam de “d'oro”, “de ouro”, em italiano. A Dorona é oriunda daquela região, a Laguna Veneziana. Essa uva tem seu cultivo restrito praticamente àquela região. Segundo Jancis Robinson, as suspeitas de que esta uva seria a mesma que a Garganega (conhecida por produzir o Soave, objeto de uma coluna anterior) foram afastadas a partir de um exame de DNA que revelou sua origem: um cruzamento natural entre a própria Garganega e outra uva, a Bermestia Bianca, de origem na Emilia-Romagna.

A garrafa merece especial destaque. Com apenas 500ml (as garrafas de vinho costumam ter 750ml), essa preciosidade foi elaborada pelo mestre vidreiro, da famosa Murano, Giovanni Moretti. Como eu já disse, ela vem adornada por uma folha de ouro no lugar do rótulo. As informações sobre o vinho estão no contra-rótulo. De acordo com Moretti, esse vinho consegue unir 3 grandes tradições venezianas: vinho, ouro e vidro!

O vinho, de grande vivacidade e ótima acidez, mostrou-se de impressionante persistência. Um leve e agradável amargor no fim de boca. No nariz, sutis aromas de maracujá. Uma bela experiência!

Infelizmente, foram produzidas apenas 4880 garrafas, numeradas. A que provei era a de número 430. Sua raridade tem um preço. Em buscas em sites europeus, encontrei esse néctar por, no mínimo, 73 euros a garrafa.

Crédito da segunda foto: Paolo Spigariol